Por favor, não tires a barba
Homens, meninos, rapazes. Amigos,
primos, irmãos, colegas, amantes, ex-namorados, curtes, ex-curtes e –
Oi, tudo bem? Costumas vir aqui?
Se tenho alguma moral para um conselho,
permitam-me: aposentem os barbeadores. Deitem ao lixo as vossas lâminas,
navalhas, pinças e loções pós-barba. Continuem sem entender os cremes
depilatórios e nunca – eu disse nunca – entrem numa clínica de
depilação a laser.
Demitam os vossos barbeiros, rapazes. E, se
quiserem, digam que fui eu quem incentivou esse movimento por um mundo
com mais queratina nas costeletas, nas bochechas, no queixo. Entre o
nariz e a boca, escondendo um pedaço dos lábios, que também é sempre
bom. Não importa se tem uma falha, cicatriz de infância, pelos ruivos. Não
desperdicem esse presente de Deus, consagrado pelos vossos pais e
capitalizado pelo Pai Natal, prezados machos. As vossas barbas são depósitos
de charme nos quais a gente se deleita com um conforto indescritível.
Esses maxilares cobertos são verdadeiros
pincéis de afago que, desconfio, accionam milhares de nervos sempre que
vocês encostam nos nossos rostos, ombros, pescoços e por aí se vai a
perpetuação da espécie. Uma barba bem cuidada, meus caros, vale por mil abdominais definidos . Toca os nossos sentidos, evoca os nossos hormónios mais
animais de um jeito subtil pero muy eficiente – deve ter sido assim desde
os primórdios.
Abusem dos vossos aparadores, pentes,
perfumes. Usem dos vossos cremes, nossos cremes, espelhos. Ousem no próximo
corte de cabelo, mexam na sobrancelha, depilem o peito, o braço, as
costas, o dedinho do pé. Mas, por favor, nunca tirem a barba.