Amor de verdade nós reparamos, não deitamos fora

Está tão clichê dizer amo-te e fazer amor (que nem se pode mais chamar de amor), que andar de mãos dadas não reflete companheirismo e uma ligação sentimental, mas sim, só mais duas mãos e alguns passos, que podem seguir separados. O que mais me impressiona não é sequer o facto do “felizes para sempre” estar quase que em extinção, mas sim a coragem que as pessoas têm de, quando não conseguem fazer as coisas darem certo e enfrentarem dificuldades juntas, se consolarem com o simples “Não era pra ser…”. Porque afinal, a culpa toda é do destino.
Um destes dias estava a tentar resolver um cubo mágico e irritei-me tão facilmente que obviamente não consegui completar nem a primeira lateral de cores. Fiquei a pensar na quantidade de coisas na vida que deixamos passar ao lado por falta de força de vontade. Com o amor é assim. Não queremos unir o azul, o amarelo, o verde, o branco e o vermelho, queremos só o vermelho e pronto. Mas para tudo e todo o tipo de amor, seja entre namorados, amigos ou familiares, é preciso uma união de cores, sentimentos e mais do que isso, paciência. Tudo precisa de se encaixar no lugar certo. Só que nós precisamos fazer a nossa parte para que isso aconteça. Tentar, quem sabe?
Muitas vezes contentamo-nos em amar pela metade só porque achamos que a felicidade é manter-se apaixonado, para sempre. Mas as paixões são instantâneas. São algo que vai e vem. São lindas, concordo, e são fragmentos do amor, mas, meu caro, apesar de estourarem fogo de artifício no nosso estômago, infelizmente não durarão por uma vida inteira. Não é só somando alegrias e momentos bonitos que se ama, é no meio da turbulência que se descobre o verdadeiro amor. Durante muito tempo eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Paixão e carinho caminham juntos, mas para amar precisa-se de muito mais.
Texto de Ana Paula Mattar