O lugar da mulher

Não vou negar que fico feliz quando alguém generosamente me acha bonita. Mas sei que a beleza um dia será levada pelo tempo e, por isso, pouco restará. Portanto, se me alegro quando elogiam o corpo, contento-me ainda mais quando enaltecem o que produzo intelectualmente.
Sou uma mulher madura porque aprendi a rir do que antes me fazia querer ficar fechada no quarto a chorar. Sou delicada, não como um jarro de vidro, mas sim como as manhãs: expulso a escuridão não somente ao colocar um salto alto e um vestido estampado de vez em quando, mas também – e principalmente – quando abro um livro ou a minha mente.
Sou dona de mim e rainha do meu castelo. Sou o pássaro que canta, não para comunicar mas para permitir a primavera. Estou, paradoxalmente, cada vez mais presa aos que me libertam. O meu corpo carrega a história de tantas outras mulheres.
O meu tempo é hoje e ele não se mede por números. Mede-se pelas explosões e pela intensidade e complexidade dos momentos que vivi.
Eu sou mulher. E o meu lugar é onde eu quiser.
Elika Takimoto